Religar o fio quebrado

Relink the broken thread

Foi com imenso orgulho e igual sentido de responsabilidade que participei, entre 19 e 21 de Fevereiro, em Madrid, no Congresso de Fundação da Esquerda Revolucionária Internacional.

     Após de 23 anos nas fileiras do Comité por uma Internacional dos Trabalhadores (CIT), foi para mim difícil assistir ao colapso dessa organização, dividida num combate de camarilhas em que ambas renegam o legado histórico em que a organização assentava.

     Entre, por um lado, um Secretariado Internacional que abandonou o centralismo democrático e que, ao caracterizar a classe trabalhadora como tendo falta de “consciência socialista”, demonstra que perdeu confiança nos trabalhadores e, por outro lado, uma maioria do Comité Executivo Internacional que se constituiu numa federação de interesses em que coexistem várias orientações, inclusive o mais descarado oportunismo, nada existe no actual CIT que ajude o proletariado a cumprir a sua tarefa histórica de derrubar o capitalismo e edificar um Mundo Socialista.

     Ambas as partes que disputam o legado do CIT rejeitaram as conclusões do Congresso Extraordinário de Barcelona, de 2017, e lançam-se num combate sem princípios, como foi demonstrado neste último fim de de semana pela expulsão dos partidários da maioria do Comité Executivo Internacional no Congresso Extraordinário da secção de Inglaterra e Gales.

           Quebrou-se o fio revolucionário quando, num momento em que cresce o instinto e determinação dos trabalhadores em lutarem pelos seus interesses, num momento em que em vários países, das Honduras à Argélia, do México ao Sudão, da China aos EUA, as massas entram em luta contra a exploração e a opressão, recuperando os métodos tradicionais da luta dos trabalhadores, e alguns sectores desses movimentos tiram conclusões correctas de como avançar, ambas as alas que se dilaceram no CIT aceitam, como pano de fundo, o problema da falta de consciência da classe.

Há “revolucionários” que procuram uma classe trabalhadora plena de consciência socialista e bacteriologicamente pura porque se demitem das suas responsabilidades de apresentarem um programa claro, um método de trabalho de classe, construírem uma organização militante com uma direcção colectiva perfeitamente integrada num Partido Revolucionário Internacional que auxilie os trabalhadores em todos o lado a tomarem consciência de classe e a tirarem as necessárias conclusões para avançarem na luta.

Numa palavra, esses “revolucionários” abandonam a Revolução e abraçam o reformismo.

     Como a história nos ensina, os que deixaram de confiar na classe passaram a acusá-la de falta de consciência e a depreciar a necessidade de partidos revolucionários unificados num Partido Mundial: exemplos disso são a direcção da II Internacional, o estalinismo, o mandelismo e, hoje, infelizmente as direcções das duas alas do CIT.

     Só que, como se dizia durante a resistência ao fascismo em Portugal, tal como a classe trabalhadora sempre reagiu à traição dos seu dirigentes, “ sempre alguém que resiste”.

            Os que procuram reatar o fio da história normalmente são acusados de sectarismo e ultra-esquerdismo, e também agora não se fugiu à regra.

             Contudo, não se deixando intimidar nem pela autoridade histórica de um Secretariado Internacional burocrático e reformista, nem pela confusão e liquidacionismo dos que procuram atalhos, as ex-secções do Estado Espanhol, México, Venezuela e Portugal, e um grupo de militantes da Alemanha assumiram a tarefa de reconstruir uma organização revolucionária internacional, a Esquerda Revolucionária Internacional.

               No período em que estamos, de revolução e contra-revolução, na iminência de uma nova crise global do Capitalismo e gigantescos confrontos de classe, a constituição da Esquerda Revolucionária Internacional é um contributo fundamental para a crescente e aguda luta de classes na perspectiva da derrota do capitalismo e edificação de um Mundo Socialista.

Que viva a Classe Trabalhadora Mundial!
Que viva a Esquerda Revolucionária Internacional!
Que viva o Socialismo!